quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Levantar do Gigante Adormecido


Mais um ano vai chegando ao seu fim, apenas contando seus últimos dias até os festejos de Réveillon para se afogar nas areias do tempo. Repleto de acontecimentos históricos, 2011 ganhou papel importante no século XXI e, principalmente, ressuscitou a figura do povo.

Dos Estados Unidos ao Oriente Médio, pessoas comuns, antes acostumadas com o status quo, rebelaram-se contra a opressão e passaram a exigir seus direitos e liberdades até então negados.

O caos financeiro foi uma das maiores motivações para as rebeliões. Com novas incoerências aparecendo, antigas se maximizando e nenhuma perspectiva de melhora por parte dos políticos, o povo passou a ir às ruas para exigir um sistema mais justo e menos ganancioso. Protestos pelo Ocidente, principalmente no Reino Unido e EUA, que ofuscaram, respectivamente, as propagandas com o pomposo casamento Real e a morte (leia-se assassinato) de Osama Bin Laden, colocaram o capitalismo como o conhecemos à beira de uma reforma mais rigorosa para atender aos apelos dos indignados. As “ocupações”, termo que os próprios protestantes intitularam seus movimentos, mostraram que povo não irá mais passivamente atender aos desejos das poderosas multinacionais, ao menos em tempos de crise.

Acorrentado a essas manifestações também estão as contrárias às políticas de governos e corrupção. A ingenuidade que as pessoas enxergavam a rede de tramas já não existe com o mesmo grau e apelo, e a consciência política parece cada vez ganhar os corações e punhos dos cidadãos. O povo lotou as ruas construídas pelo seu suor e realçaram sua voz unida por mudanças e melhorias, a exemplo dos chilenos e sua demanda por educação gratuita, e dos italianos, russos e brasileiros e suas pressões por governos mais transparentes e limpos. Como resultado, um primeiro-ministro caiu (Silvio Berlusconi-Itália) e outros tantos ministros, senadores e deputados nesses e outros países,

Entretanto, o maior destaque de 2011 veio do Oriente Médio. Até então submissos à histórica repressão e falta de autonomia, árabes e palestinos mandaram uma mensagem de basta ao mundo e partiram para a luta pelos seus direitos. Os palestinos, descrentes de qualquer negociação direta com Israel, clamaram por um Estado próprio na ONU, como aconteceu com o povo do novo Sudão do Sul, e tiveram resultados impressionantes, como a entrada do território na UNESCO e o desafio da comunidade internacional perante os americanos e israelenses. Já os árabes, cansados das estruturas arcaicas que os cercavam, manifestaram sua crença na liberdade aprisionada por gerações e varreram ditadores que há tempos gozavam de poder ilimitado, e que agora estão mortos, caso de Kadafi após a sangrenta guerra civil na Líbia, presos, como Mubarak (Egito), ou fugitivos, como Bem Ali (Tunísia).

O povo, aquele deveria ser o grande protagonista nos rumos da sociedade na Idade Contemporânea, parecia que estava hibernando em alguma caverna escura desde 1968 ou, sendo pessimista, desde a “Primavera dos Povos” de 1848. Porém, 2011 fez com que esse gigante acordasse e visse o mundo como ele realmente é. Agora é esperar 2012 para saber se esse levantar será apenas um surto ou um retorno definitivo.

Queridos leitores, muito obrigado pelas visitas, comentários e críticas. Parte desse blog pertence a vocês. Aquele abraço e que venha 2012!


Breno Botelho Vieira da Silva


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Política de Matar

O tenente-coronel Modesto Madia foi nomeado comandante da tropa de elite da polícia militar paulista nesses últimos dias. Essa notícia, caracterizada como desimportante por muitos, passaria despercebida por esse blogueiro se não fosse um único detalhe: O PM é réu no caso do Massacre do Carandiru e evidencia a política repressora que a polícia passou a exercer.

A polícia nada mais é do que o próprio instrumento do Estado. É nela que os governantes confiam para que a vontade instituída por ela seja cumprida através da coerção, ou imobilidade, com finalidade de não abalar o poder central e manter o status quo da sociedade. Os policiais são nada mais que agentes do desejo do Estado e dos políticos que o governam. Um grande exemplo é o caso Castor de Andrade, falecido contraventor carioca e considerado o primeiro mafioso brasileiro, que prosperava graças às vistas grossas das autoridades, pois o Estado não tinha interesse em acabar com seus lucrativos negócios e, consequentemente, apoio. Isso era tão explícito que o ex-presidente general João Figueiredo abraçou o bicheiro em uma cerimônia.

Logo, é cabível concluir qual a mensagem explícita que a nomeação de Modesto Madia passa para a população. Na cabeça dos políticos, a truculência da corporação policial, a selvageria e o medo que a farda possa propiciar são a chave para controlar a sociedade, o grande desejo do governo. Chega até a ser parecido com as temíveis SAs dos tempos de trevas e suásticas na Alemanha, onde as milícias usavam o terror e a como forma de manter o controle da população. Muitos estados no Brasil se encaixam com essa política quase totalitária de uso da polícia, como é o caso de Alagoas, região em que o coronelismo consegue vencer as barreiras do tempo, mas em especial São Paulo, vangloriado como o estado mais rico da União e, em tese, um exemplo a ser seguido, que segue sempre que pode com sua política de repressão.

Uma verdadeira polícia deveria ser aquela faz a segurança pública em parceria com a população. Um novo pacto social deveria ser feito entre Estado e povo para que um possa enfim coexistir no outro, usando políticas de inclusão, como escolas e hospitais, para construir uma base sólida na sociedade. Entretanto, isso se torna impossível quando uma das pontas do acordo tem como favorito um carrasco com sangue de 111 pessoas nas mãos.

sábado, 15 de outubro de 2011

O Terceiro Reinado

O século XXI tem se mostrado bastante diferente para o Brasil. Acostumado à periferia do sistema capitalista, o país finalmente conseguiu uma posição de destaque dentro do sistema internacional, chegando ao patamar de futura grande potência, conquentemente, imperialista.

O que é imperialismo?

Imperialismo é o nome dado para uma política de domínio de um Estado frente aos demais. Para tal, é necessário um Estado englobar minimamente as quatro frentes do poder (econômica, política, cultural e militar) e usá-las, não necessariamente ao mesmo tempo, para criar uma esfera de influência e interferência, ou seja, um império. Isso é o que configura uma potência, seja ela regional, como a Turquia no Oriente Médio, ou uma superpotência, como os Estados Unidos. Se isso parece um tanto que óbvio para muitos, poucos conseguem enxergar o Brasil como um Estado imperialista, o que ele de fato é.

Atualmente, o Brasil vem desempenhado grande influência em um patamar nunca antes visto. Antes com um predomínio bastante difuso na América do Sul, o país começa a projetar sua sombra em escala mundial. Empresas, como o conglomerado Odebrecht, a Petrobras, o Banco Bradesco e a Vale S.A estão ganhando cada vez mais espaço no cenário internacional favorecidas pela imagem de segurança e solidez gerada pelo país após 2008. Com elas, o governo e a iniciativa privada garantem uma maior participação direta nos assuntos econômicos de cada vez mais Estados, o que gera consequetemente gera interferência e dependência. Como é o caso da Odebrecht, que está ganhado espaço em países desenvolvidos, como os EUA, e faz países como Equador e Angola dependentes na área de infra-estrutura e geração de empregos.

Consequentemente, a política brasileira está ganhando feições imperialistas. Antes acostumado ao marasmo, o Estado está executando ações mais duras e ousadas no plano das relações internacionais. Um grande exemplo é a intervenção direta em Honduras, em 2009, ao refugiar o presidente deposto Manuel Zelaya em sua embaixada no país e usar sua maior cartada na diplomacia ao virar árbitro da conturbada situação. De lá pra cá, o Itamaraty, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, ganhou espaço como uma peça influente no xadrez político ao mediar disputas, como a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e Palestina, e liderar movimentos para a reestruturação do poder mundial, como as reformas no Conselho de Segurança da ONU. A influência é tamanha que a cultura nacional está passando a ser amplamente difundida pela diplomacia, tendo como marco a fama internacional do escritor Paulo Coelho.

Até na frente militar o país está ensaiando certo imperialismo. Atualmente sucateada, as Forças Armadas estão prestes a fechar um negócio milionário com a França, se o impasse acabar, para a compra de jatos militares para modernizar sua esquadra e transferir tecnologia, além de ter um projeto de construção de submarinos nucleares em pleno vapor. Além disso, o exército brasileiro participa de missões pacificadoras da ONU pelo mundo, como Haiti e Líbano, como força de ocupação.

Com a grandiosa ascensão da China, o Brasil não deve ter um papel parecido como o atual, e retalhado, império americano. Entretanto, ao longo dos anos a esfera de influência brasileira crescerá nos quatro ramos e, certamente, nascerá um novo império na América.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Amor à História



 
O amor à história é mais do que o amor á esta ciência em si. É o
amor à humanidade, ao ser humano, sua trajetória, seu comportamento e
atitudes. É amar as consequências da vida em sociedade, a interação entre
diversos homens.

Estudar a história é fascinante. Estudar o passado nos ensina
muito mais que estudar qualquer outra ciência. Cada fato, cada
acontecimento ou evento está ligado de forma inegável a diversos outros,
e tudo isso acaba por formar uma teia da humanidade, que passa das pólis
gregas até o mundo bipolarizado da Guerra Fria. Essa rede de relações nos
mostra muito sobre o ser humano em si. Nos mostra o psicológico dele,
suas necessidades e desejos. Mostra o grande desenvolvimento do
intelecto humano,que andou de mãos atadas ao avanço da ciência.

O mais interessante é que uma simples mudança e tudo estaria
totalmente diferente. Imagine se Napoleão não tivesse invadido a Rússia,
e com isso, mantido seu poderoso exército intacto. Os ingleses teriam
derrotado Bonaparte? Ou a Europa ainda viveria na hegemonia francesa?
Ou ainda será que se Hitler não tivesse invadido a Rússia, a Alemanha
ainda viveria em um regime nazista? São perguntas que não possuem
respostas, mas que nos intrigam por sua complexidade e simplicidade
mútuas.

O passado pode nos mostrar como agir no futuro. Podemos
compreender o que traz resultados positivos e o que traz resultados
negativos e aplicar isso às nossas atitudes cotidianas. Sabemos que a
repressão gera revolta e o poder gera a ganância em quem o possui. O
livro 1984, do inglês George Orwell, mostra isso com clareza: na obra,o
Partido estudou todos os governos autoritários do passado e, dessa
forma, conseguiu elaborar e estabelecer um estado autoritário que
aparentemente não tem falhas, sendo quase impossível derrubá-lo.

Além disso, o Partido possui um lema: “Quem domina o passado
domina o futuro; quem domina o presente domina o passado”. Uma
análise dessa sentença nos mostra o poder da história: ao nos apresentar
a realidade de antigamente, nos dá o poder de comparação, podendo
gerar um sentimento de revolta ou contentamento. E é dessa forma que o
Grande Irmão (líder do Partido) mantém o controle da população: ele forja
obras e histórias onde o passado é um lugar horrível, onde todos
passavam fome e viviam na miséria, sendo que os únicos que viviam no
luxo eram os capitalistas, donos de tudo, que tinham centenas de
serventes e usavam cartolas. É óbvio que o governo do Partido era repleto
de miséria e fome, mas ao eliminar os registros históricos e ao criar um
passado fictício e infernal, a população não tem o poder de comparação
ou uma fonte para incitar sua rebeldia, tornando esta inviável.

O estudo da história também pode ser extremamente entediante.
Mas isso se deve a professores não capacitados que não tem o dom de
incitar o interesse e o amor à história em seus alunos. Um bom professor
traz interesse aos alunos, expressa sua paixão a esta ciência durante às
aulas, acaba por criar um olhar crítico ao conhecimento em seus pupilos.
Torna aulas interessantes e faz uma hora parecer não mais que dez
minutos.

Hoje sei que tive ambos os tipos de professores de história, e devo
grande gratidão àqueles que souberam me mostrar que a história é a
ciência mais interessante e complexa do mundo.

Dedico este texto ao professor Roberto Nasser, que soube me fazer
pensar e amar a história

Ricardo Harris Johnston

sábado, 10 de setembro de 2011

Lágrimas de Setembro

11 de setembro. O que era para ser uma data qualquer virou um dos mais fatídicos e marcantes dias de gerações inteiras. Exatamente às 8h46min, horário de Nova Iorque em que o primeiro avião colidiu com o World Trade Center em 2001, o mundo se rompeu como as torres e desabou sobre as cabeças dos povos.

O medo e o terror passaram a guiar os rumos da humanidade a partir dos atentados. Por mais que o terrorismo seja uma tática já usada há algum tempo, inclusive no próprio EUA, um ataque dessa magnitude de brutalidade e covardia nunca tinha sido visto, o que gerou ondas de choque em todo o planeta. O medo de novos atentados em qualquer lugar e hora transformou-se em uma paranoia doentia que precisava ser constantemente alimentada por provas de novas conspirações contra seus países e de estabelecer vilões em uma visão simplória e maniqueísta dos acontecimentos. Para isso, incontáveis pessoas, principalmente muçulmanas, foram investigadas, presas e torturadas para que o novo ciclo permanecesse.

A noção de inimigo mudou drasticamente após os ataques de 11 de setembro. Até então, esperava-se um ato de guerra de um segundo Estado, mas não de uma organização sem fronteiras. A Al-Qaeda de Osama Bin Laden quebrou todos os paradigmas e selou o destino da humanidade no século XXI ao travar a primeira batalha do gênero ao derrubar os centros de poder econômico e militar americano. O resultado não poderia ser mais catastrófico. Se três mil pessoas morreram nos ataques, outras centenas de milhares pereceram nos mais variados fronts de batalha de forma direta (225 mil só no Afeganistão) na tão chamada Guerra ao Terror e outros tantos indiretamente como consequência da fome e da miséria que grupos e países terroristas causaram nos últimos dez anos.

É difícil escrever tal fato sem mostrar um pouco de pessimismo. Confesso que, no auge dos meus sete anos de vida, não me lembro ao certo o que estava fazendo na hora dos ataques, mas isso não é importante. O que me lembro é dos olhos de minha mãe, atônitos e incrédulos, dizendo em uma imagem o que passava na mente de milhões ao mesmo tempo. Dez anos depois, o choque continua o mesmo, e aqueles olhos medrosos e temerosos continuam, mas dentro de seu coração que ainda diz que não estamos seguros e que a paz exilou-se para algum lugar obscuro.

Nesse fúnebre aniversário, tudo leva a crer que serão convidados a tristeza, o medo e as lembranças guiadas pela dor e o sofrimento. Podem até ser, dados os acontecimentos, mas podem ter certeza de que não serão os únicos por lá, pois há sempre alguém para colocar de penetra a esperança e a fé nos participantes, e isso é o suficiente para gerar dias melhores do que foram nesses últimos dez anos.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Guerra e paz

O conflito entre israelenses e palestinos é um dos maiores obstáculos para uma paz contínua no Oriente Médio. Após décadas de verdadeiras batalhas, sejam militares ou políticas, e mortes, a luz do fim do túnel está longe de ser uma realidade.
Em tese, a questão palestina seria simples de resolver fossem aceitas as imposições feitas pela ONU. De acordo com sua resolução de número 181 (1947), o território palestino, na época administrada pelo Reino Unido, seria dividido em dois Estados, um judeu e outro árabe, para que ambos pudessem ter seus próprios países, além de Jerusalém virar uma cidade internacional. Provavelmente, isso ocorreria se não fosse pela grande escalada na violência entre ambos os lados e seu resultado imediato: a Guerra Árabe-Israelense (1948) travada entre Israel e países árabes descontentes com a posição da ONU. Desde então, a paz na Palestina foi se deteriorando por inúmeros motivos, principalmente por causa do terrorismo palestino e o conservadorismo israelense.
O uso do terror como arma por (alguns) palestinos é fundamental para dificultar a trégua permanente na região. Com o argumento de que esse seria a única forma eficaz de conseguir um país próprio e financiado por outras nações, grupos extremistas passaram a atacar forças de Israel dentro e até fora de suas fronteiras, como no ataque à delegação israelense nas Olimpíadas de Munique. O problema é que, graças aos atos covardes terroristas, o Estado de Israel passou a ver com desconfiança uma possível negociação, já que formou uma associação entre terror e Estado palestino e, de acordo com os políticos, a segurança israelense poderia ficar comprometida.
A política conservadora do Estado judeu também acaba com qualquer condição para o fim das hostilidades na Palestina. Ao invés de sentar e negociar para resolver a questão como um país digno faria, Israel prefere usar os mecanismos em sua volta para impor sua vontade de forma imperialista. Um grande exemplo é o contínuo envio de colonos para a região da Cisjordânia para afirmar sua presença na área que deveria pertencer ao Estado palestino, o que fere claramente uma resolução do Conselho de Segurança, a de número 242, que demanda a retirada total das forças israelenses de todos os territórios ocupados em  1967(Gaza, Cisjordânia, Golan e Jerusalém Oriental).
Não há nenhum pobre coitado na questão palestina, como muitos teimam em acreditar. Ambos os grupos cometeram ações dignas de repúdio de toda a sociedade ao longo das décadas, como um atentado em Tel Aviv em 2001 que ceifou 21 vidas por parte dos palestinos e o uso bélico de fósforo branco, proibido pelas leis internacionais de guerra, em Gaza por Israel. Por mais que a Palestina tenha o direito de ter um Estado próprio e Israel ter o direito de garantir a segurança de sua população, tais atos horrendos não são desculpas para respectivos objetivos.
Desse modo, a única forma de garantir a paz duradoura entre israelenses e palestinos é se ambos cederem parte de seus anseios. Israel precisa retirar-se definitivamente das áreas ocupadas e deixar que os palestinos formem um Estado independente e a Palestina precisa abandonar totalmente o uso do terrorismo. Só assim para que a foto que ilustra o artigo se torne mais costumeira, substituindo as de homens ensanguentados de sofrimento.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Cartas de Benghazi


A liberdade é uma das maiores conquistas do ser humano e, quando privado desta, tende a, eventualmente, rebelar-se contra a opressão. Foi o que aconteceu neste ano no mundo árabe, especialmente na Líbia.
Após 42 da ditadura truculenta de Muammar Kadafi, o povo líbio finalmente consegue respirar o doce ar livre. Insatisfeitos com a brutalidade e a corrupção presentes no regime e inspirados nas bem sucedidas revoltas populares nos vizinhos Egito e Tunísia, os líbios, principalmente na cidade estratégica de Benghazi, pegaram em armas e começaram a partir para o confronto militar, já que o diálogo não parecia surgir efeito. Seis meses e milhares de mortos em ambos os lados depois, a nação africana se libertou do controle de Kadafi ao tomar o controle da capital, Trípoli. Foram 42 anos de espera, mas enfim o povo buscou a libertação na Líbia.
Essas revoluções na Líbia e no resto do mundo árabe só foram possíveis graças à busca do homem contemporâneo pela liberdade. Ao ter um primeiro contato com ela, seja ou na prática, ou como referencia histórica, o indivíduo comum tende a reproduzir um modelo para que ele possa ser livre e tenha participação ativa na sociedade, para assim moldá-la e melhorá-la. Foi o que aconteceu na Primavera Árabe. O povo, cansado do andar dos arcaicos regimes, passou a ver para os modelos ocidentais de democracia como a resposta para seus problemas, muito por causa da democratização da informação gerada pela internet e redes sociais.
Desse modo, não é de se assustar com a proporção das revoltas. Juntando dezenas de anos em ditaduras brutais e obsoletas e informações minimamente democráticas, o mundo árabe era um grande barril de pólvora prestes a explodir. Três ditadores já saíram do governo, e outros, como os da Síria e do Iêmen, já temem serem os próximos, com toda a razão, já que o desejo pela liberdade é maior que pelo poder.
Mas, enquanto outros regimes não caem e os resultados das revoluções ainda estão ficando evidentes, as sensações de liberdade continua no ar do mundo árabe. Se antes era o Egito o centro dessa liberdade, hoje é a Líbia, principalmente em Benghazi, e seus relatos de esperança para o resto da humanidade.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A 11ª praga

“O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. A frase, dita por Lord Acton em 1887, sintetiza a origem da pior praga que pode castigar uma nação: a corrupção.
Os privilégios políticos são a maiores culpadas por esse mal no sistema. Uma vez dentro da teia política, um representante, escolhido para defender os ideais do povo, encontra diversas vantagens que, desse modo, o diferenciariam do cidadão comum, como a imunidade parlamentar e salários extras. Desse modo, o parlamentar acaba transmitindo a ideia de superioridade dentre os demais, o que na prática passa a imagem de ser inalcançável, o que gera a corrupção. Isso, junto com a impunidade que o sistema oferece aos depravados, gera o ciclo político em que se encontram vários Estados, incluindo o Brasil.
A grande consequência desse ciclo é o atraso socioeconômico. A corrupção está direta e indiretamente ligada com grande parte das injustiças encontradas nos países. O Brasil, por exemplo, poderia ser uma potência ainda maior do que é se não houvesse os rotineiros escândalos políticos, como as denúncias de irregularidades contra ministérios que deveriam, em tese, distribuir os recursos vindos do contribuinte para desenvolver o país e beneficiar a população, como a construção de hospitais e estradas, e não desviar as verbas e desgastar o Estado.
A única forma de, pelo menos, conter essa praga é fazer uma reforma ampla e profunda no sistema atual para acabar com os poderes exacerbados dos políticos. Mas como fazer isso se o próprio sistema é regido pelos corruptos? Nem Lord Acton deve saber.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Passado Presente


O que é o passado? Para muitas pessoas, apenas lembranças empoeiradas em museus sobre fatos isolados e insignificantes para suas vidas no presente. Entretanto, esse tipo de pensamento está equivocado, já que o homem é dependente do curso do tempo.
Se o passado não fosse relevante, ele não estaria direta e indiretamente intervindo no presente. Grandes privilégios já banalizados e desfrutados atualmente só existem hoje porque ontem alguém lutou a favor deles. Conhecimentos e reflexões ao longo da História foram meticulosamente pensados e adquiridos para melhorar as condições de vida do mundo, entre eles a democracia, originada na Grécia Antiga e atualmente o sistema político dominante no mundo ocidental e a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII e que foi fundamental na criação do modo de vida em que conhecemos atualmente.
Por mais óbvio que isso pareça ser, chega a ser aterrorizante o número de pessoas que negam suas origens e fecham os olhos para os conhecimentos adquiridos por inúmeras gerações antes da nossa. Ao negar o passado, o ser humano acaba iludindo-se com a realidade ao achá-la perfeita e, consequentemente, imutável. Desse modo, a sociedade como um todo regride, pois além de séculos de idéias e avanços serem impiedosamente ignorados, problemas em decorrência do passado também não seriam reconhecidos, desse modo formando um ciclo de erros interminável. Um grande exemplo é a extrema-direita européia, que hoje ganha forças e novos adeptos com ideologias chulas, mas que já foram responsáveis pelos desastres na Segunda Guerra.
Assim, ignorar o passado é ignorar a si mesmo. Ele é fundamental para a vida do homem, porque só pensando no passado é que conseguimos entender o presente e, desse modo, melhorarmos o futuro próximo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Queda da Águia

Ao longo do tempo, a humanidade viu impérios grandiosos que, após décadas controlando os rumos do mundo, acabaram ruindo. O clube dos líderes decadentes, que conta com uma lista exclusiva de participantes, de Roma ao Império Britânico, está prestes a ganhar um novo sócio: os Estados Unidos da América.

Os EUA não deverão se manter no alto da montanha por muito tempo. Desde quando ganhou da União Soviética a hegemonia sobre o globo que o país não via uma ameaça tão grave de cair do penhasco. A crise, que começou em 2008 e já é passado para seus grandes concorrentes, continua abalando as estruturas americanas. Enquanto Índia, Brasil e, principalmente, China crescem a taxas fantásticas e demonstram confiança para investidores, Washington apresenta dívidas impagáveis e perde a passos largos seu status de potência financeira.

Muito desse cenário deve-se pelo preço alto do imperialismo. Para manter sua liderança, os EUA apostaram em grande parte na força. Os gastos com armamentos e guerras queimando todo o orçamento da nação e desgastou a imagem do país internacionalmente, o que fez com que outros Estados preferissem se relacionar com países mais neutros, como o Brasil.

Entretanto, não necessariamente os EUA irão se tornar um país politicamente medíocre, como aconteceu com alguns ex-impérios, como Portugal. Ao contrário, eles devem se manter uma peça forte no xadrez que é o jogo político internacional ainda no futuro, porém não como rei. A esse papel está reservado o dragão chinês, aquele que fará cair de vez a águia americana.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Queridos amigos

Dentre todas as criações do homem ao longo da História, a mais importante de longe foi a amizade. Sem ela, a humanidade não se firmaria e, principalmente, não conheceria o amor.
Uma das funções da amizade é a sobrevivência. Se no começo da História os laços de companheirismo tinham como base o sobreviver da espécie, hoje essa luta pela vida continua, mas de forma mais metafórica. Sem amigos, uma pessoa definharia e entristeceria até seu total esquecimento e, consequentemente, estaria morta em um mundo dos vivos. O homem necessita da aliança com outros para sobreviver, pois não é possível viver e ser feliz sozinho.
O próprio conceito de amor passa pela criação da amizade. Quando falo sobre o amor, eu me refiro ao sentimento puro e fraterno, e não sentido carnal e obscuro que ele tem atualmente. Uma relação entre amigos e as bases familiares não seriam possíveis sem tal sentimento que, de certo modo, faz com que ambas se confundam dependendo do grau de companheirismo. Só um ser frio e diabólico seria capaz de viver sem amor e se orgulhar disso.
A amizade é a maior bênção que os humanos são capazes de ter. Sem ela, a humanidade, caso existisse, seria apenas um conjunto de almas sem coração vagando no marasmo eterno de uma vida sem luz.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

A verdadeira mágica de Harry Potter

O acender das luzes em cinemas espalhados pelo mundo marcou o fim de um dos maiores ícones culturais do século XXI: a saga Harry Potter. O choro das platéias, junto com os aplausos das multidões, demonstra todo o poder gerado em torno da trama de J.K Rowling que, definitivamente, encantou toda uma geração.
É incrível o fato de um grupo tão grande de pessoas agarrar uma história como símbolo-mor de sua época com orgulho e louvor. O homem tende a buscar na literatura algo que explique a realidade em sua volta ou, nesse caso, uma luz no fim do túnel para sua própria realidade.
A esperança, o que dá o poder de perseverança e otimismo, é a chave fundamental da trama. Em um mundo inescrupuloso e, de certo ponto, sombrio em que vivemos, uma história envolvida pela amizade verdadeira e amor em confronto com a maldade e brutalidade tende a cativar os leitores a ficarem presos na trama e, principalmente, a dar continuidade em suas próprias batalhas contra seus demônios particulares. A mensagem da saga britânica dá as pessoas o que elas sempre buscam para continuar suas vidas.
Outras sagas virão e substituirão Harry Potter no futuro como parte do ciclo de obras culturais, com isso não há dúvidas. Porém, é certeza também que Hogwarts sempre estará com os felizardos que acompanharam a série sempre que precisarem de uma luz contra a escuridão.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Hey Hey, My My

Estados Unidos, 1954. Um tal de Elvis Presley lançava, na cidade de Memphis, o single That's All Right (Mama), com Scotty Moore na guitarra e Bill Black no baixo. Por mais que exista até hoje uma controvérsia sobre a primeira canção do rock’n’roll, a música nunca mais foi a mesma após esse ano.
Uma verdadeira revolução tomou conta do mundo. Jovens revoltaram-se contra as imposições do meio e pegaram em guitarras e baterias e contra a opressão conservadora. O rock contestou (e ainda contesta) o todo ao redor da humanidade, sua sede de poder e violência, com letras apaixonadas e idealizadas na busca pelo direito mais importante que uma pessoa pode desejar: liberdade.
Verdadeiros hinos de guerra foram criados e levados pela massa à diante. Fronteiras físicas e políticas não foram capazes de impedir o avanço do rock pelo mundo e, principalmente, sua mensagem. 
Como uma bactéria, o gênero foi se espalhado em velocidades absurdas e, consequentemente, adaptando-se a novos estilos e criando novas tendências e ritmos.Do clássico inovador ao progressivo minimalista e do metal destrutivo ao espírito revolucionário do punk, o rock foi moldando e criando diferentes mentes e, ao mesmo tempo, cultivando a individualidade como ferramenta para mudar o cotidiano.
Até hoje, quase 60 anos após o single de Elvis Presley, o rock continua enraizado na população. As gerações que na juventude lutaram a favor do rock estão hoje no poder, e ensinam a seus filhos a magia do gênero e a questionar a sociedade em que vivem. O rock é imortal, queiram vocês ou não. 

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O meio-campo político

Texto publicado no Painel do Leitor(Folha de S.Paulo) no dia 03/07/2011


Hoje à noite começa, na Argentina, a Copa América, tradicional competição entre seleções sulamericanas. Além de ser famosa pela qualidade de suas partidas e jogadores, ela também tem fama de palanque político. Essa edição não será diferente.
Em ano de eleição no país platino, o campeonato de 2011 não poderia passar despercebido pelos políticos. Cristina Kirchner, com baixos índices de aprovação entre a população e perdida politicamente desde a morte de Nestor Kirchner, está apostando alto na Copa América para conseguir sua reeleição.
Tudo foi pensado a favor dos kirchneristas, desde programas governamentais, como a estatização do futebol e o recém lançado “LCD para Todos”, programa que facilita a compra de televisões para a população carente, até as escolhas das sedes de políticos da situação, como as cidades de Salta e San Salvador de Jujuy, que simplesmente não apresentam tradição no esporte. Buenos Aires, sede da maior oposição ao governo Kirchner, apenas sediará a final por ser a capital do país.
Comparações podem ser feitas com o regime militar latino em 1978. Na época, a ditadura no poder usufruiu das dimensões que a Copa do Mundo proporcionava para fazer propaganda do governo em âmbitos nacionais e internacionais. Na ocasião, a Argentina levou a taça.
Agora é esperar para ver se a seleção liderada por Messi, um dos melhores jogadores dos últimos tempos no futebol, trará o título para as urnas de Cristina. Agora, se depender das outras seleções, principalmente as do Uruguai e Brasil, a Copa América 2011 será um prato cheio para a oposição.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O milagre das provas

Ao longo da História, a humanidade demonstrou suas crenças nos símbolos, superstições e na simples demonstração de fé na espera por uma ligação com o divino. De tempos em tempos, uma ocasião especial faz com que essas crenças sejam explicitadas de todas as formas possíveis de uma só vez: a semana de provas de um colégio.
Sim, caro leitor, uma escola, em época de provas, se torna um dos maiores centros religiosos do mundo. É incrível o número de estudantes que, em questão de minutos, tornam-se crentes fanáticos em deuses dos mais variados para satisfazer seus desejos terrenos. Não estou falando apenas dos religiosos papadores de missa, mas dos ateus também. Preces são inventadas e demônios exorcizados, ou criados, em apenas algumas viradas das páginas de questões. É o milagre do meio ponto!
As tentativas de comunicação com o divino também são de se notar na semana de provas. Alunos de diversas salas afirmam que, antes de passar as respostas de uma avaliação, recebem mensagens estranhas e, muitas vezes, codificadas do Além com os possíveis resultados. Infelizmente para os estudantes, as entidades que fazem esse serviço de telecomunicação, que chega a ser melhor do que muita operadora de celular por aí, não são necessariamente amigáveis, levando muitos ao erro. As formas em que o sobrenatural tenta se comunicar com os alunos, nunca professores, apresentam uma variedade de dar inveja aos hipermercados, de sussurros a bilhetes, de rabiscos em línguas exóticas a Iphones.
Dizem que a fé no fantástico pode mover montanhas, mas não em um colégio. Por lá, ela só faz passar de ano. Aleluia, irmão!

domingo, 12 de junho de 2011

Minha primeira vez

Era manhã na cidade do Rio de Janeiro. Enquanto em pleno dia dos namorados as pessoas normais gastavam seu preciso tempo entrelaçados nos cobertores, eu já estava de alerta para a batalha que estava por vir.
Muitos já tinham me informado sobre a questão em si, desde a dicas de comportamento e relaxamento a até simulações e treinos práticos e didáticos, mas nada parecido como o que tive no domingo. Dessa vez não havia conselhos e livros. Era apenas eu sozinho na cruzada já a muito planejada e nunca posta à prova
Cheguei antes dos demais soldados no bairro do Méier, centro pulsante e ardente do fantástico caótico subúrbio carioca. Não conseguia pensar em nada, nada além de focar na minha missão, como um caçador atrás de seu premio. Nada, até ela aparecer. Se Tom Jobim e Vinícius de Moraes se encantaram com a garota de Ipanema e escreveram uma poesia, para essa musa do Méier eles fariam uma rapsódia inteira. A missão poderia estar comprometida.
Não tive chances de reagir aos encantos da formosa moça. Ela se aproveitou de toda a minha inexperiência no assunto e tomou a iniciativa, sem apresentar qualquer gentileza ou modos. Nada o que eu pudesse fazer poderia parar o ímpeto da mulher, que em movimentos friamente calculados deixavam-me sem qualquer resposta e confuso com o que estava acontecendo na minha frente. Porém, se no início achava que isso seria maléfico ao meu desempenho, não foi o que ocorreu no final. Passei a entrar no ritmo da donzela e aprendi com ela certos artifícios.
No soar das doze badaladas da igreja de Santo Antonio de Pádua, a musa do Méier largou-me e foi embora para nunca mais. Era o preço da guerra ao qual travamos nesse domingo e que, para minha felicidade, conseguimos vencer. Sentirei saudades da primeira vez em um vestibular.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Um erro supremo

Hoje o Supremo Tribunal Federal negou o pedido do governo italiano de extradição de Cesare Battisti. Por mais que seja uma decisão soberana, foi um equívoco não mandar o acusado de volta para a Itália.
Juridicamente, não há motivos para a não extradição de Battisti. Condenado na Itália por quatro assassinatos na década de 1970, época em que participava de uma guerrilha de esquerda na península, o italiano deveria ser imediatamente extraditado para seu país de origem de acordo com um tratado assinado entre Brasil e Itália em 1993. De acordo com ele, os motivos que uma extradição não deve ser concedida são se o indivíduo for acusado de crime político, militar ou caso tenha sido julgado em um tribunal de exceção. Nenhum desses casos pode ser atribuído ao de Cesare.
Confirmada a manutenção do italiano em solo brasileiro, isso poderá, além de manchar a já vergonhosa fama do país de abrigo para fugitivos da Justiça, se tornar uma justificativa para um futuro ato recíproco da Itália ou de outra nação que tenha tratado com o Brasil.
O Brasil não ganhou em nada ao manter Battisti em território nacional. Ao desrespeitar um tratado ratificado e sujar internacionalmente sua reputação, o Brasil só perdeu com a decisão do STF.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Il Duce di Botas

Desde que foi criado pelos britânicos, o futebol movimenta a vida de milhões de pessoas através da emoção proporcionado por ele. Consequentemente, esse esporte tem o poder de gerar nas pessoas um sentimento nacionalista muito forte em certos países, como no Brasil. Por esse motivo, ao longo da História ditadores usaram o futebol como propaganda de seus regimes como um meio de enfatizar “a grandeza da nação”. Com Benito “Duce” Mussolini não poderia ser diferente.
Inaugurado em 1926, o regime fascista necessitava da propaganda para passar a imagem de uma grande potencia, e via no futebol um grande instrumento para tal. Em 1929, por ordens do Duce, o campeonato italiano foi totalmente reformulado para integrar os times do norte e do sul em uma única liga, já que a antiga fórmula de uma divisão do norte e uma do sul não seguia o ideal nacionalista do partido. Além disso, alguns clubes tiveram que ser reestruturados para atender aos desejos fascistas, como a Internazionale, que teve que mudar suas cores, escudo e até nome (passou a se chamar Ambrosiana na época). Mas isso não era suficiente para Mussolini.
Graças ao sucesso da I copa do mundo de futebol no Uruguai, a competição virou uma obsessão para o ditador. O regime totalitário não mediu esforços para realizar a próxima Copa em solo italiano, já que sabia do impacto da propaganda que geraria na Europa caso tudo desse certo. Estádios foram construídos e nomeados em louvor ao regime, como o Estádio Nazionale PNF (Roma) e o Benito Mussolini (Turim), atletas foram naturalizados e até árbitros foram “pré-selecionados”. Nada podia dar errado. No dia 10 de junho de 1934, a Itália fascista era campeã mundial aos olhares orgulhosos do Duce, que via sua Itália no mais alto degrau na Europa.
O episódio se repetiu na terceira edição em 1938, mas com uma diferença: a Copa seria realizada na rival França. Era um desejo de o Partido Fascista mostrar “a grandiosidade da nação italiana” em uma potencia estrangeira, o que gerou uma desconfortável pressão sobre os jogadores, que chegaram a receber até telegramas do próprio Mussolini avisando que na competição era ”vencer ou morrer”. Tal “incentivo” funcionou e a Itália sagrou-se bicampeã mundial, com direito a vitória em cima dos anfitriões vestido de um uniforme preto, símbolo do regime fascista.
Taças foram levantadas e jogadores consagrados, mas a maior vitória não foi no campo esportivo, mas no palanque político.A máquina de propaganda de Duce colocava assim a cereja do bolo do regime, que só apodreceu na II Guerra Mundial.