O século XXI tem se mostrado bastante diferente para o Brasil. Acostumado à periferia do sistema capitalista, o país finalmente conseguiu uma posição de destaque dentro do sistema internacional, chegando ao patamar de futura grande potência, conquentemente, imperialista.
O que é imperialismo?
Imperialismo é o nome dado para uma política de domínio de um Estado frente aos demais. Para tal, é necessário um Estado englobar minimamente as quatro frentes do poder (econômica, política, cultural e militar) e usá-las, não necessariamente ao mesmo tempo, para criar uma esfera de influência e interferência, ou seja, um império. Isso é o que configura uma potência, seja ela regional, como a Turquia no Oriente Médio, ou uma superpotência, como os Estados Unidos. Se isso parece um tanto que óbvio para muitos, poucos conseguem enxergar o Brasil como um Estado imperialista, o que ele de fato é.
Atualmente, o Brasil vem desempenhado grande influência em um patamar nunca antes visto. Antes com um predomínio bastante difuso na América do Sul, o país começa a projetar sua sombra em escala mundial. Empresas, como o conglomerado Odebrecht, a Petrobras, o Banco Bradesco e a Vale S.A estão ganhando cada vez mais espaço no cenário internacional favorecidas pela imagem de segurança e solidez gerada pelo país após 2008. Com elas, o governo e a iniciativa privada garantem uma maior participação direta nos assuntos econômicos de cada vez mais Estados, o que gera consequetemente gera interferência e dependência. Como é o caso da Odebrecht, que está ganhado espaço em países desenvolvidos, como os EUA, e faz países como Equador e Angola dependentes na área de infra-estrutura e geração de empregos.
Consequentemente, a política brasileira está ganhando feições imperialistas. Antes acostumado ao marasmo, o Estado está executando ações mais duras e ousadas no plano das relações internacionais. Um grande exemplo é a intervenção direta em Honduras, em 2009, ao refugiar o presidente deposto Manuel Zelaya em sua embaixada no país e usar sua maior cartada na diplomacia ao virar árbitro da conturbada situação. De lá pra cá, o Itamaraty, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, ganhou espaço como uma peça influente no xadrez político ao mediar disputas, como a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e Palestina, e liderar movimentos para a reestruturação do poder mundial, como as reformas no Conselho de Segurança da ONU. A influência é tamanha que a cultura nacional está passando a ser amplamente difundida pela diplomacia, tendo como marco a fama internacional do escritor Paulo Coelho.
Até na frente militar o país está ensaiando certo imperialismo. Atualmente sucateada, as Forças Armadas estão prestes a fechar um negócio milionário com a França, se o impasse acabar, para a compra de jatos militares para modernizar sua esquadra e transferir tecnologia, além de ter um projeto de construção de submarinos nucleares em pleno vapor. Além disso, o exército brasileiro participa de missões pacificadoras da ONU pelo mundo, como Haiti e Líbano, como força de ocupação.
Com a grandiosa ascensão da China, o Brasil não deve ter um papel parecido como o atual, e retalhado, império americano. Entretanto, ao longo dos anos a esfera de influência brasileira crescerá nos quatro ramos e, certamente, nascerá um novo império na América.