sábado, 15 de outubro de 2011

O Terceiro Reinado

O século XXI tem se mostrado bastante diferente para o Brasil. Acostumado à periferia do sistema capitalista, o país finalmente conseguiu uma posição de destaque dentro do sistema internacional, chegando ao patamar de futura grande potência, conquentemente, imperialista.

O que é imperialismo?

Imperialismo é o nome dado para uma política de domínio de um Estado frente aos demais. Para tal, é necessário um Estado englobar minimamente as quatro frentes do poder (econômica, política, cultural e militar) e usá-las, não necessariamente ao mesmo tempo, para criar uma esfera de influência e interferência, ou seja, um império. Isso é o que configura uma potência, seja ela regional, como a Turquia no Oriente Médio, ou uma superpotência, como os Estados Unidos. Se isso parece um tanto que óbvio para muitos, poucos conseguem enxergar o Brasil como um Estado imperialista, o que ele de fato é.

Atualmente, o Brasil vem desempenhado grande influência em um patamar nunca antes visto. Antes com um predomínio bastante difuso na América do Sul, o país começa a projetar sua sombra em escala mundial. Empresas, como o conglomerado Odebrecht, a Petrobras, o Banco Bradesco e a Vale S.A estão ganhando cada vez mais espaço no cenário internacional favorecidas pela imagem de segurança e solidez gerada pelo país após 2008. Com elas, o governo e a iniciativa privada garantem uma maior participação direta nos assuntos econômicos de cada vez mais Estados, o que gera consequetemente gera interferência e dependência. Como é o caso da Odebrecht, que está ganhado espaço em países desenvolvidos, como os EUA, e faz países como Equador e Angola dependentes na área de infra-estrutura e geração de empregos.

Consequentemente, a política brasileira está ganhando feições imperialistas. Antes acostumado ao marasmo, o Estado está executando ações mais duras e ousadas no plano das relações internacionais. Um grande exemplo é a intervenção direta em Honduras, em 2009, ao refugiar o presidente deposto Manuel Zelaya em sua embaixada no país e usar sua maior cartada na diplomacia ao virar árbitro da conturbada situação. De lá pra cá, o Itamaraty, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil, ganhou espaço como uma peça influente no xadrez político ao mediar disputas, como a questão nuclear iraniana e o conflito entre Israel e Palestina, e liderar movimentos para a reestruturação do poder mundial, como as reformas no Conselho de Segurança da ONU. A influência é tamanha que a cultura nacional está passando a ser amplamente difundida pela diplomacia, tendo como marco a fama internacional do escritor Paulo Coelho.

Até na frente militar o país está ensaiando certo imperialismo. Atualmente sucateada, as Forças Armadas estão prestes a fechar um negócio milionário com a França, se o impasse acabar, para a compra de jatos militares para modernizar sua esquadra e transferir tecnologia, além de ter um projeto de construção de submarinos nucleares em pleno vapor. Além disso, o exército brasileiro participa de missões pacificadoras da ONU pelo mundo, como Haiti e Líbano, como força de ocupação.

Com a grandiosa ascensão da China, o Brasil não deve ter um papel parecido como o atual, e retalhado, império americano. Entretanto, ao longo dos anos a esfera de influência brasileira crescerá nos quatro ramos e, certamente, nascerá um novo império na América.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O Amor à História



 
O amor à história é mais do que o amor á esta ciência em si. É o
amor à humanidade, ao ser humano, sua trajetória, seu comportamento e
atitudes. É amar as consequências da vida em sociedade, a interação entre
diversos homens.

Estudar a história é fascinante. Estudar o passado nos ensina
muito mais que estudar qualquer outra ciência. Cada fato, cada
acontecimento ou evento está ligado de forma inegável a diversos outros,
e tudo isso acaba por formar uma teia da humanidade, que passa das pólis
gregas até o mundo bipolarizado da Guerra Fria. Essa rede de relações nos
mostra muito sobre o ser humano em si. Nos mostra o psicológico dele,
suas necessidades e desejos. Mostra o grande desenvolvimento do
intelecto humano,que andou de mãos atadas ao avanço da ciência.

O mais interessante é que uma simples mudança e tudo estaria
totalmente diferente. Imagine se Napoleão não tivesse invadido a Rússia,
e com isso, mantido seu poderoso exército intacto. Os ingleses teriam
derrotado Bonaparte? Ou a Europa ainda viveria na hegemonia francesa?
Ou ainda será que se Hitler não tivesse invadido a Rússia, a Alemanha
ainda viveria em um regime nazista? São perguntas que não possuem
respostas, mas que nos intrigam por sua complexidade e simplicidade
mútuas.

O passado pode nos mostrar como agir no futuro. Podemos
compreender o que traz resultados positivos e o que traz resultados
negativos e aplicar isso às nossas atitudes cotidianas. Sabemos que a
repressão gera revolta e o poder gera a ganância em quem o possui. O
livro 1984, do inglês George Orwell, mostra isso com clareza: na obra,o
Partido estudou todos os governos autoritários do passado e, dessa
forma, conseguiu elaborar e estabelecer um estado autoritário que
aparentemente não tem falhas, sendo quase impossível derrubá-lo.

Além disso, o Partido possui um lema: “Quem domina o passado
domina o futuro; quem domina o presente domina o passado”. Uma
análise dessa sentença nos mostra o poder da história: ao nos apresentar
a realidade de antigamente, nos dá o poder de comparação, podendo
gerar um sentimento de revolta ou contentamento. E é dessa forma que o
Grande Irmão (líder do Partido) mantém o controle da população: ele forja
obras e histórias onde o passado é um lugar horrível, onde todos
passavam fome e viviam na miséria, sendo que os únicos que viviam no
luxo eram os capitalistas, donos de tudo, que tinham centenas de
serventes e usavam cartolas. É óbvio que o governo do Partido era repleto
de miséria e fome, mas ao eliminar os registros históricos e ao criar um
passado fictício e infernal, a população não tem o poder de comparação
ou uma fonte para incitar sua rebeldia, tornando esta inviável.

O estudo da história também pode ser extremamente entediante.
Mas isso se deve a professores não capacitados que não tem o dom de
incitar o interesse e o amor à história em seus alunos. Um bom professor
traz interesse aos alunos, expressa sua paixão a esta ciência durante às
aulas, acaba por criar um olhar crítico ao conhecimento em seus pupilos.
Torna aulas interessantes e faz uma hora parecer não mais que dez
minutos.

Hoje sei que tive ambos os tipos de professores de história, e devo
grande gratidão àqueles que souberam me mostrar que a história é a
ciência mais interessante e complexa do mundo.

Dedico este texto ao professor Roberto Nasser, que soube me fazer
pensar e amar a história

Ricardo Harris Johnston