quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Levantar do Gigante Adormecido


Mais um ano vai chegando ao seu fim, apenas contando seus últimos dias até os festejos de Réveillon para se afogar nas areias do tempo. Repleto de acontecimentos históricos, 2011 ganhou papel importante no século XXI e, principalmente, ressuscitou a figura do povo.

Dos Estados Unidos ao Oriente Médio, pessoas comuns, antes acostumadas com o status quo, rebelaram-se contra a opressão e passaram a exigir seus direitos e liberdades até então negados.

O caos financeiro foi uma das maiores motivações para as rebeliões. Com novas incoerências aparecendo, antigas se maximizando e nenhuma perspectiva de melhora por parte dos políticos, o povo passou a ir às ruas para exigir um sistema mais justo e menos ganancioso. Protestos pelo Ocidente, principalmente no Reino Unido e EUA, que ofuscaram, respectivamente, as propagandas com o pomposo casamento Real e a morte (leia-se assassinato) de Osama Bin Laden, colocaram o capitalismo como o conhecemos à beira de uma reforma mais rigorosa para atender aos apelos dos indignados. As “ocupações”, termo que os próprios protestantes intitularam seus movimentos, mostraram que povo não irá mais passivamente atender aos desejos das poderosas multinacionais, ao menos em tempos de crise.

Acorrentado a essas manifestações também estão as contrárias às políticas de governos e corrupção. A ingenuidade que as pessoas enxergavam a rede de tramas já não existe com o mesmo grau e apelo, e a consciência política parece cada vez ganhar os corações e punhos dos cidadãos. O povo lotou as ruas construídas pelo seu suor e realçaram sua voz unida por mudanças e melhorias, a exemplo dos chilenos e sua demanda por educação gratuita, e dos italianos, russos e brasileiros e suas pressões por governos mais transparentes e limpos. Como resultado, um primeiro-ministro caiu (Silvio Berlusconi-Itália) e outros tantos ministros, senadores e deputados nesses e outros países,

Entretanto, o maior destaque de 2011 veio do Oriente Médio. Até então submissos à histórica repressão e falta de autonomia, árabes e palestinos mandaram uma mensagem de basta ao mundo e partiram para a luta pelos seus direitos. Os palestinos, descrentes de qualquer negociação direta com Israel, clamaram por um Estado próprio na ONU, como aconteceu com o povo do novo Sudão do Sul, e tiveram resultados impressionantes, como a entrada do território na UNESCO e o desafio da comunidade internacional perante os americanos e israelenses. Já os árabes, cansados das estruturas arcaicas que os cercavam, manifestaram sua crença na liberdade aprisionada por gerações e varreram ditadores que há tempos gozavam de poder ilimitado, e que agora estão mortos, caso de Kadafi após a sangrenta guerra civil na Líbia, presos, como Mubarak (Egito), ou fugitivos, como Bem Ali (Tunísia).

O povo, aquele deveria ser o grande protagonista nos rumos da sociedade na Idade Contemporânea, parecia que estava hibernando em alguma caverna escura desde 1968 ou, sendo pessimista, desde a “Primavera dos Povos” de 1848. Porém, 2011 fez com que esse gigante acordasse e visse o mundo como ele realmente é. Agora é esperar 2012 para saber se esse levantar será apenas um surto ou um retorno definitivo.

Queridos leitores, muito obrigado pelas visitas, comentários e críticas. Parte desse blog pertence a vocês. Aquele abraço e que venha 2012!


Breno Botelho Vieira da Silva