terça-feira, 7 de junho de 2011

Il Duce di Botas

Desde que foi criado pelos britânicos, o futebol movimenta a vida de milhões de pessoas através da emoção proporcionado por ele. Consequentemente, esse esporte tem o poder de gerar nas pessoas um sentimento nacionalista muito forte em certos países, como no Brasil. Por esse motivo, ao longo da História ditadores usaram o futebol como propaganda de seus regimes como um meio de enfatizar “a grandeza da nação”. Com Benito “Duce” Mussolini não poderia ser diferente.
Inaugurado em 1926, o regime fascista necessitava da propaganda para passar a imagem de uma grande potencia, e via no futebol um grande instrumento para tal. Em 1929, por ordens do Duce, o campeonato italiano foi totalmente reformulado para integrar os times do norte e do sul em uma única liga, já que a antiga fórmula de uma divisão do norte e uma do sul não seguia o ideal nacionalista do partido. Além disso, alguns clubes tiveram que ser reestruturados para atender aos desejos fascistas, como a Internazionale, que teve que mudar suas cores, escudo e até nome (passou a se chamar Ambrosiana na época). Mas isso não era suficiente para Mussolini.
Graças ao sucesso da I copa do mundo de futebol no Uruguai, a competição virou uma obsessão para o ditador. O regime totalitário não mediu esforços para realizar a próxima Copa em solo italiano, já que sabia do impacto da propaganda que geraria na Europa caso tudo desse certo. Estádios foram construídos e nomeados em louvor ao regime, como o Estádio Nazionale PNF (Roma) e o Benito Mussolini (Turim), atletas foram naturalizados e até árbitros foram “pré-selecionados”. Nada podia dar errado. No dia 10 de junho de 1934, a Itália fascista era campeã mundial aos olhares orgulhosos do Duce, que via sua Itália no mais alto degrau na Europa.
O episódio se repetiu na terceira edição em 1938, mas com uma diferença: a Copa seria realizada na rival França. Era um desejo de o Partido Fascista mostrar “a grandiosidade da nação italiana” em uma potencia estrangeira, o que gerou uma desconfortável pressão sobre os jogadores, que chegaram a receber até telegramas do próprio Mussolini avisando que na competição era ”vencer ou morrer”. Tal “incentivo” funcionou e a Itália sagrou-se bicampeã mundial, com direito a vitória em cima dos anfitriões vestido de um uniforme preto, símbolo do regime fascista.
Taças foram levantadas e jogadores consagrados, mas a maior vitória não foi no campo esportivo, mas no palanque político.A máquina de propaganda de Duce colocava assim a cereja do bolo do regime, que só apodreceu na II Guerra Mundial.


Um comentário:

  1. hahaha não sabia que voce tinha um blog, Breno! Gostei do seu texto! Vou me lembrar dele na prova de amanhã!

    ResponderExcluir